Dr.
Brian Hare é um Professor Associado do Departamento de Antropologia Evolutiva na
Universidade de Duke e no Centro de Neurociência Cognitiva. Hare é pioneiro e especialista na área de psicologia dos cães.
Junto com Vanessa Woods, Brian Hare escreveu sobre a revolução no estudo da
cognição canina no fascinante livro Seu Cachorro É Um Gênio! Como os Cães
São Mais Inteligentes do Que Se Pensa. Na palavra dos autores, o livro é
“como a ciência cognitiva passou a entender a genialidade dos cães através de
jogos experimentais, sem usar outra tecnologia além de brinquedos, vasilhames,
bolas, e tudo o mais que houvesse em uma garagem”.
Hare
e outros pesquisadores mostraram diversas vezes que os cachorros são bons em
entender as intenções de comunicação dos humanos. Com a ajuda de um brilhante experimento com raposas iniciado por Dmitri Belyaev em 1950 que continua até os
dias de hoje, a pesquisa de Hare descobriu o que permitiu aos cães desenvolverem
essa habilidade impressionante: domesticação. Depois de 45 gerações, as raposas
de Belyaev no grupo experimental tinham orelhas caídas, rabos enrolados e eram
muito melhores na leitura dos gestos humanos do que as raposas no grupo
controle. A questão é que Belyaev não selecionou pelas melhores raposas em ler
os gestos humanos; em vez disso, ele selecionou as raposas menos medrosas e
mais amigas em relação aos humanos. Como Hare e Woods escreveram no livro: “A domesticação,
ao selecionar para procriação as raposas mais amigáveis, provocara uma
evolução cognitiva”.
Para entender ainda mais as
limitações e flexibilidades da cognição canina, pesquisadores têm criado
laboratórios dedicados, como o Centro de Cognição Canina de Duke, criado por
Hare.
Dr. Brian Hare |
Hare: Se
fossemos falar de QI alto, ou quem seria recrutado pela NASA,
teríamos um livro bem pequeno. Na minha opinião, a grande descoberta na
revolução da cognição é que a cognição não é um traço dimensional único. Na
realidade, é todo um conjunto de habilidades que podem variar de forma
independente e nem sabemos quantas existem. Por exemplo, uma pessoa pode ser ótima
em matemática, mas uma péssima comunicadora. Em relação às espécies, cada uma evoluiu
para resolver um conjunto de problemas que as ajudaram a sobreviver e reproduzir
em seus ambientes particulares; os cães não são diferentes. O meu livro Seu
Cachorro É Um Gênio tenta explicar como uma espécie que parece ser bem comum é tão bem sucedida. Os cachorros são bem sucedidos de uma perspectiva evolutiva porque, em todos os lugares que há pessoas, há cães. É o
mamífero mais bem sucedido – depois dos humanos e talvez vacas. É isso que o
livro explora: os cães possuem algum tipo de genialidade psicológica ou cognitiva? Sim, eles mostram um nível incomum de sofisticação para
resolução de problemas.
Nogueira: Conte como começou a pesquisar a
cognição dos cachorros.
Hare: O psicologista do desenvolvimento
Michael Tomasello, meu orientador de pesquisa na época, estava me explicando como
a comunicação gestual é muito importante no desenvolvimento humano. Ele pensava
não ser apenas crucial para evolução humana, mas algo único dos humanos. A
teoria dele era que as crianças desenvolveram a habilidade de usar os gestos
humanos e entender intenções de comunicação. Então, eu disse para ele que meu
cachorro também conseguia fazer isso. Foi quando eu aprendi o que é a ciência,
porque mesmo sendo uma ideia importante de como os humanos evoluíram, Tomasello
ficou curioso. Ele me disse: “vou te ajudar a achar uma forma de provar que
estou errado”. Isso é incrível! Quando descobrimos que ele estava errado sobre
os cachorros, ele ficou empolgado, nos dizendo para fazer mais experimentos. As
pessoas acham que a ciência envolve pessoas em jalecos de laboratórios criando
ideias geniais, mas na realidade é uma maneira de refutar ideias.
Nogueira: Como
foi o primeiro experimento com cães?
Hare: Usamos uma técnica poderosa, mas
muito simples: tínhamos dois recipientes e escondemos comida em um deles. Então
apontamos para onde escondemos, tentando ajudar o cachorro1. Grandes
primatas são péssimos nessa tarefa. Eles não mostram muita flexibilidade
cognitiva, já que eles precisam aprender o gesto. E, todas as vezes que você
usa um novo gesto, eles precisam aprender de novo. Em comparação, crianças por
volta de um ano de idade entendem gestos que eles nunca viram antes, mostrando
um grau de flexibilidade não observado nos grandes primatas. Fizemos com os
cães a mesma série de experimentos que foi realizada com primatas e
crianças. A grande surpresa foi que cães são mais parecidos com as crianças.
Esse foi
um experimento controlado: os cachorros não estavam usando olfato, nem reagindo
ao movimento. Na ciência, há dois passos. Primeiro, é preciso demonstrar um
fenômeno. Seja ondas gravitacionais ou cachorros seguindo gestos, você
precisa demonstrar o fenômeno. Então, tenta-se explicar. Frequentemente, as
pessoas estão preocupadas em explicar antes mesmo de demonstrar que o fenômeno
existe. Após demonstrarmos que os cães estavam seguindo o gesto de apontar, nós
queríamos saber se eles apenas sentiram o cheiro da comida escondida.
Descobrimos que lobos, raposas e cães preferem usar seus olhos. Quando eles não
conseguem a informação que precisam pela visão, aí que eles usam olfato. Nesses
experimentos, descobrimos que os cães priorizam as informações da visão e
memória em comparação com o olfato.
Nogueira:
Um dos experimentos
fascinantes mencionado no livro usa uma barreira opaca. Poderia elaborar?
Hare: Esse é o trabalho da Juliane Kaminsky, Michael Tomasello e Josep Call2. Eles colocaram uma bola atrás de cada uma de duas barreiras, uma opaca e uma transparente. O cachorro pode ver as duas bolas. Na condição experimental, um humano está no lado oposto das barreiras e pede para o cachorro buscar a bola. O surpreendente é que os cachorros não pegaram a bola da barreira opaca, que o humano não consegue ver através; eles favoreceram a bola da barreira transparente. Na condição de controle, onde humano e o cão estão no mesmo lado, vendo a mesma coisa, os cães escolhem a bola de forma aleatória. Esse experimento sugere que os cachorros sabem o que os humanos conseguem e não conseguem ver.
Hare: Esse é o trabalho da Juliane Kaminsky, Michael Tomasello e Josep Call2. Eles colocaram uma bola atrás de cada uma de duas barreiras, uma opaca e uma transparente. O cachorro pode ver as duas bolas. Na condição experimental, um humano está no lado oposto das barreiras e pede para o cachorro buscar a bola. O surpreendente é que os cachorros não pegaram a bola da barreira opaca, que o humano não consegue ver através; eles favoreceram a bola da barreira transparente. Na condição de controle, onde humano e o cão estão no mesmo lado, vendo a mesma coisa, os cães escolhem a bola de forma aleatória. Esse experimento sugere que os cachorros sabem o que os humanos conseguem e não conseguem ver.
Hare: Um nível de explicação é que os cachorros aprenderam lentamente, já que eles viram esses
gestos muitas vezes. Essa ideia pode ser testada usando um gesto que os cães
nunca viram antes, como apontar com o pé. Pode se usar um gesto doido, como
colocar um objeto em cima de um recipiente onde está a comida escondida.
Crianças humanas e cachorros seguem esses gestos, mas chimpanzés não. Com isso,
essa hipótese de aprender devagar foi descartada. A parte difícil é como saber
se os cães realmente possuem uma estratégia flexível sofisticada, uma teoria da
mente, o que significa que eles estão pensando no pensamento de outros
indivíduos? A melhor evidência sobre animais que possuem teoria da mente vem
dos grandes primatas e talvez pássaros, como corvos. Em relação aos cachorros,
na realidade, não temos o experimento conclusivo para eliminar explicações
alternativas. Então, não temos evidências extraordinárias que os cachorros
possuem teoria da mente. Por exemplo, o experimento da barreira opaca, onde o
cachorro sabe o que pessoa consegue e não consegue ver, não foi replicado.
Quando estamos estudando algo como a teoria da mente, buscamos múltiplos
experimentos onde o animal mostra o mesmo tipo de habilidade. Temos isso com
grandes primatas, mas não temos isso ainda com os cachorros.
Nogueira:
De onde vêm
as habilidades impressionantes dos cachorros?
Hare:
Testamos
várias hipóteses. A primeira era que como os cachorros são parentes dos lobos,
que são inteligentes e talvez fossem bons em ler os gestos humanos. A outra foi
experiência: eles interagiram conosco e aprenderam devagar. Finalmente,
consideramos se foi algo ocorrido durante a domesticação. E a evidência
favorece a domesticação: a seleção dos mais amigáveis com humanos foi o que
permitiu aos cachorros serem mais habilidosos na leitura e na utilização dos
humanos para resolver problemas. Isso foi uma surpresa: por que ser selecionado
por ser amigável torna alguém mais inteligente?
Nogueira: Como
que a pesquisa de Belyaev com as raposas ajudaram a responder essa pergunta?
Hare:
Esse brilhante experimento foi conduzido por um grupo de cientistas na Sibéria
liderado por Dmitri Belyaev. Eles tinham dois grupos de raposas
separados: o grupo experimental e o grupo controle. O grupo controle foi
procriado de forma aleatória. No grupo experimental, Belyaev selecionou pelas raposas
mais receptivas ou aquelas mais gostavam da interação com as pessoas. Em outras palavras, Belyav selecionou pelas raposas mais amigáveis
e deixou que procriassem. Depois de muitas gerações, o grupo experimental de
raposas mostrou uma alta frequência de características que Belyaev não
selecionou, como orelhas caídas, caudas enroladas e pelagem multicolorida. As
raposas também tinham mudanças psicológicas relacionadas à redução da agressão
e aumento da atitude amigável. O experimento foi importante para nossa pesquisa
porque eles tinham uma população que havia sido domesticada experimentalmente.
Era uma grande oportunidade para testar a ideia de que a domesticação realmente
é a seleção contra a agressão e pelos mais amigáveis com as pessoas. Faz
sentido: como você pode ter um animal domesticado, se ele apenas quer te atacar
ou é tão medroso que não consegue chegar perto de você? As raposas também nos
levaram às perguntas sobre a psicologia: Essa habilidade impressionante de ler
os gestos humanos e de usar os humanos como ferramentas sociais é também um
produto da seleção pelos mais amigáveis? A resposta é “sim”: as raposas
domesticadas agiram como cachorros na questão da habilidade de ler os gestos
humanos, enquanto as raposas do grupo controle se comportaram mais como lobos.
Nogueira: No seu livro, você
menciona que “sem experimento, estaríamos escorregando da ciência para o campo
da ficção”. Poderia elaborar por que precisamos de experimentos?
Hare:
Publicamos
um artigo na Science eliminando as
duas primeiras hipóteses4. A primeira era que as habilidades
impressionantes dos cachorros de interpretar os gestos humanos evoluíram nos
lobos e foram herdadas. Segunda: muita experiência deu essas habilidades aos
cachorros. Não encontramos evidências para essas hipóteses. Então, favorecemos
a hipótese da domesticação. Não tínhamos evidência para ela, só tínhamos
evidência contra as duas outras hipóteses. Se Belyaev não tivesse feito seu
experimento de domesticação, estaríamos empacados nesse ponto. O trabalho de
Belyaev estabeleceu a possibilidade de testar se a domesticação tornou os
cachorros capazes de ler os gestos humanos. Fizemos um experimento com as
raposas e ficamos surpresos: mesmo elas não sendo selecionadas para serem mais
inteligentes ou melhores no uso dos gestos humanos, elas eram como um resultado
de serem selecionadas por serem amigáveis. Tínhamos evidência direta que foi a
domesticação5. As pessoas pensam que domesticamos os cachorros e
tornamo-los mais inteligentes, mas não significa que é verdade.
Nogueira: Se
isso não é verdade, o que provavelmente aconteceu?
Hare: As pessoas pensam que criamos os cães como a nossa imagem. A melhor evidência
sugere que os animais tinham uma vantagem se eles fossem amigáveis com pessoas;
eles iriam reproduzir mais. Eu estava comendo em uma área externa de um
restaurante e tinha pardais roubando comida a poucos centímetros de mim. Esses
pardais estão comendo bastante, estão bem alimentados e saudáveis. Isso porque eles
não têm medo das pessoas. Eu acho que algo similar a isso ocorreu com os
cachorros. Em algum ponto da evolução humana, os humanos criaram uma nova fonte
de comida. Se um animal fosse amigo o suficiente e não tivesse medo da
população humana, ele seria um grande vencedor evolutivo. Então, uma população
de lobos nos escolheu, não fomos nós que os escolhemos. Uma vez que os
caçadores-coletores competiam com lobos, não fazia sentido trazer um animal
como um lobo perto das suas crianças. Os lobos perceberam, assim como os
pássaros do restaurante, que os restos ao redor dos acampamentos humanos são um
recurso ótimo. Depois de algumas poucas gerações, eles mostrariam mudanças morfológicas,
como aquelas que vimos nas raposas, possibilitando as pessoas diferenciar entre
esses lobos e aqueles lobos que competíamos. Essa teria sido uma grande
vantagem seletiva.
Nogueira:
Como
a evolução está relacionada com essas mudanças?
Hare: A seleção contra a agressão e por
ser amigável com as pessoas criou várias mudanças além daquelas na morfologia e
psicologia. Uma vez que existiam essas diferenças, a seleção pode agir nelas
também. A questão é que essas novas mudanças não foram criadas; os humanos não
pensaram em criar cães com orelhas caídas, por exemplo. Alguns indivíduos
tinham orelhas caídas devido à seleção contra a agressividade. Com isso, as
pessoas poderiam procriar esses indivíduos para criar mais orelhas caídas. Em
outras palavras, tiramos vantagem da variância criada pela seleção contra a
agressividade.
A evolução não é nada diferente da gravidade. Se eu soltar
uma bola, não posso impedir a sua queda, é imparável. A evolução também é
imparável. O fato de não conseguimos ver a evolução não significa que não
esteja ocorrendo o tempo todo. Outro exemplo é um cervo que vem comer no
quintal da minha casa. Normalmente, cervos próximos aos humanos não é uma boa
ideia. Se alguém vive a alguns quilômetros da minha casa, um cervo no seu
quintal rapidamente vai virar jantar. Mas, onde eu moro no subúrbio,
todo mundo pensa que os cervos são fofos e adoráveis. Onde eu moro, há uma
maior proporção de cervos com diferentes cores de pelos, há mais cervos brancos
e albinos. As pesquisas mostram que os cervos que estão invadindo áreas urbanas
são maiores, mais sociais e possuem mais descendentes do que aqueles vivendo
distantes dos humanos.
Nogueira: Esse
processo de domesticação que ocorreu com os cães provavelmente ocorreu com
outros animais, o que chamamos de convergência da evolução. O que encontramos,
por exemplo, quando comparamos chimpanzés e bonobos em relação à agressividade
e atitude com os estranhos?
Hare:
Os bonobos serviram como um caso de teste para a
hipótese de que foi a seleção natural, e não a seleção artificial, que causou a
domesticação. Chamamos de autodomesticaçao: as espécies através da seleção
natural interagindo com o ambiente terminaram como animais domesticados. Muitas
mudanças entre lobos e cachorros são encontradas entre chimpanzés e bonobos. Os
chimpanzés são como os lobos da família dos primatas. Se estivermos falando de
características morfológicas e comportamentais, os bonobos são como os cães dos
primatas.
Nogueira: Nesta revista Skeptic, defendemos o pensamento baseado em evidência. Como você comunicou com o público, qual você acha que é a melhor abordagem para trazer as pessoas do pensamento baseado na fé para o pensamento baseado em evidências, para, por exemplo, aumentar a aceitação da evolução?
Nogueira: Nesta revista Skeptic, defendemos o pensamento baseado em evidência. Como você comunicou com o público, qual você acha que é a melhor abordagem para trazer as pessoas do pensamento baseado na fé para o pensamento baseado em evidências, para, por exemplo, aumentar a aceitação da evolução?
Hare:
Nos
Estados Unidos, as pessoas pensam que os Cristãos têm um problema com a
evolução, mas a Igreja Católica diz que a evolução é consistente com a doutrina
Católica. As pessoas adoram a formar grupos contrários: a ciência é algo que
outras pessoas fazem. A resposta típica dessa briga entre grupos é que se
alguém é religioso e de fé, essa pessoa não pode acreditar na ciência porque a
ciência é anti-religião. As pessoas usam estratégias para atacar a ciência, ou
pensamento evolutivo, como se fossem o grupo externo. Como alguém que estuda
evolução, a primeira coisa a ser notada é que humanos evoluíram para enxergar
grupos distintos em todos os lugares. Se dissermos algo do tipo “você é
religioso e você não é como eu sou”, acabou a conversa. Como um comunicador da
ciência, eu vou dizer que a Igreja Católica não tem problema com a minha
pesquisa com o objetivo de desligar essa resposta da diferenciação de grupos. O
objetivo do meu livro Seu Cachorro É Um
Gênio é empolgar pessoas que nunca leram sobre evolução e ciência cognitiva
para lerem, porque elas se importam com cachorros. Darwin iniciou A Origem das Espécies intencionalmente
com um capítulo sobre domesticação, porque ele sabia que as pessoas eram
familiarizadas e não se sentiam ameaçadas por esse tema. Acho que temos de fazer o
mesmo.
Nogueira:
Obrigado por essa ótima entrevista e continue com sua pesquisa fascinante!
Referências
1.
Hare
B, Tomasello M. 2005. Human-like social skills in dogs? Trends in Cognitive
Sciences 9: 439–444. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16061417.
2.
Kaminski
J, Bräuer J, Call J, Tomasello M. 2009. Domestic dogs are sensitive to a
human’s perspective. Behaviour 146: 979-998 https://doglab.shh.mpg.de/
pdf/Kaminski_et_al_2009a_dogs_sensitive_humans _perspective.pdf.
3.
Hare,
B Hare, B., Homo sapiens Evolved via Selection for
Prosociality. Annu Rev Psychol. 68:155-186:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27732802
4.
Hare
B., M. Brown, C. Williamson, and M. Tomasello. 2002. “The domestication of
social cognition in dogs.” Science. 298: 1634-6.
5.
Hare
B., et al. 2005. “Social cognitive evolution in captive foxes is a correlated
by-product of experimental domestication.” Current Biology. 15: 226-30.
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