por Michael Shermer
Tradução: Felipe Nogueira Barbara de Oliveira
Fonte: Skepticblog
Recentemente meu amigo e colega na ciência e ceticismo Neil deGrasse Tyson lançou uma afirmação pública via BigThink.com na qual ele afirmou não gostar de rótulos porque eles carregam toda a bagagem que a pessoa pensa que já sabe sobre tal rótulo particular, e então ele prefere não usar rótulo em relação à pergunta de deus e simplesmente diz ser agnóstico.
Cérebro e Crença, de Michael Shermer |
De qualquer maneira, vale a pena pensar na diferença entre ateu e agnóstico. De acordo com o Oxford English Dictionary: Teísmo é a "crença em uma divindade, ou divindades" e "crença em um Deus como criador e governador supremo do universo." Ateísmo é a "Descrença na, ou negação da, existência de um Deus." Agnosticismo é desconhecimento, desconhecido, desconhecível." Agnosticismo foi cunhado em 1869 por Thomas Henry Huxley para descrever suas próprias crenças:
Quando eu atingi maturidade intelectual e comecei a me perguntar se eu era um ateu, um teísta, ou um panteísta...Eu percebi que quanto mais eu aprendia e refletia, menos preparada era a resposta. Eles [crentes] eram bem certos que eles atingiram uma certa ‘gnose,’ – tinham, com mais ou menos sucesso, resolvido o problema da existência; enquanto eu estava bem certo que eu não tinha resolvido, e tinha uma convicção bem forte que o problema era insolúvel.
É claro que ninguém é agnóstico comportamentalmente. Quando agimos no mundo, agimos como se um Deus existe ou como se Deus não existe, então temos de fazer uma escolha, se não intelectualmente, pelo menos comportamentalmente. Nesse sentido, eu assumo que Deus não existe e vivo minha vida de acordo com isso, o que me faz um ateu. Em outras palavras, agnosticismo é uma posição intelectual, uma afirmação em relação à existência ou não existência da divindade e nossa habilidade de saber isso com certeza, enquanto ateísmo é uma posição comportamental, uma afirmação em relação às suposições que fazemos sobre o mundo no qual agimos.
Quando a maioria das pessoas emprega a palavra "ateu", eles estão pensando no ateísmo forte que afirma que Deus não existe, o que não é uma posição sustentável (não se pode provar a negativa). Ateísmo fraco simplesmente impede a crença em Deus por falta de evidências, como praticamos por quase todos os deuses já acreditados na história. Da mesma forma, as pessoas tendem a equacionar ateísmo com uma certa ideologia política, econômica e social, tais como comunismo, socialismo, liberalismo extremo, relativismo moral, e similares. Como eu sou um conservador fiscal, civil libertário, e definidamente não sou um relativista moral, essa associação não está adequada a mim. A palavra “ateu” é boa, mas como eu publico uma revista chamada Skeptic [cético, em inglês] e escrevo uma coluna mensal para Scientific American chamada "Skeptic," eu prefiro cético como o meu rótulo. Um cético simplesmente não acredita numa afirmação de conhecimento até evidências suficientes serem apresentadas para rejeitar a hipótese nula (uma afirmação de conhecimento não é verdade até que se prove o contrário). Eu não sei se Deus não existe, mas eu não acredito em Deus, e tenho boas razões para pensar que o conceito de Deus é construído sociologicamente e psicologicamente.
O ônus da prova está nos crentes em provar a existência de Deus – não nos descrentes em refutar a existência de Deus - e até hoje os teístas falharam em provar a existência de Deus, pelo menos pelos altos padrões de evidência da ciência e razão. Então nos voltamos novamente para natureza e origem da crença em deus. No livro The Believing Brain, eu apresentei evidências extensas para demonstrar bem positivamente que humanos criaram deus e não vice-versa.
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